Bin Laden morto: A euforía que pode preceder ao caos...

O inimigo número um do mundo ocidental foi morto.

Seria realmente a oportunidade de colocar um ponto final neste texto? Será realmente que poderemos agora assistir à um telejornal sem nos deparar com a imagem do terror? Seremos agora pessoas libertas do extremismo religioso?
Não tenhamos tanta certeza disso!
Apesar de o Presidente Obama dizer que, hoje o mundo se encontra mais pacífico, não nos iludamos, por favor!
Está sendo propagada, uma campanha para acalmar a população, que traça uma comparação entre a morte de Osama bin Laden e a captura e execução de Saddan Hussein em 2003, onde, parte do próprio povo iraquiano apoiou sua morte. Porém, agora não se trata de um líder unicamente político, e sim de um ícone religioso e quer nós queiramos ou não, carismático. Osama Bin Laden, que possuía recursos financeiros quase que ilimitados, criou a o longo de sua vida ( vivendo em cavernas e casas precárias ) uma identificação com a grande maioria afegã; povos pobres cuja única esperança se aninhava na fé islâmica e no radicalismo  inflamado por ele suportados pelas promessas de Alá.

O povo que seguia Osama não é, nem de longe, o mesmo que se curvava a Saddan. São realidades muito diferentes, que podem ter desfechos igualmente ambíguos.
Imediatamente ao anuncio da morte de Osama bin Laden, a maior comoção em Cabul foi por onde seria enterrado seu corpo, momentos depois a notícia de que havia sido jogado ao mar criou grande revolta entre, não só suas bases, mas entre os que consideram um insulto a forma com que os soldados americanos trataram o seu corpo. -Existem rituais a serem seguidos que não foram respeitados- afirmou Abdalatif Ahu, líder muçulmano.
-O corpo possui uma certa dignidade, tratando-se de uma pessoa assassinada ou morta por causas naturais, é preciso respeitar o corpo de um ser humano, fiel ou não, muçulmano ou não- disse o porta-voz do centro Al-Hazar ( autoridade islâmica ).
Segundo as leis islâmicas o corpo de, primeiramente ser lavado com água e sabão,em seguida somente com água e por fim, uma mistura de água com cânfora, só então, o corpo deve ser envolvido em três mortalhas brancas. O enterro deve ser feito sob a terra, sem uso de caixões, com o corpo em posição paralela a Meca e com a cabeça levemente virada para a direita, para que seu rosto o dirija a Kaaba, o santuário sagrado de Meca.
Apesar de fontes americanas afirmarem ter havido a bordo do navio um velório que seguisse os rituais islâmicos, é difícil acreditar que os soldados iriam realizá-lo. Mesmo assim o enterro não ocorreu.
Deve-se entender que a Al-Qaeda não acabou, a morte de seu líder-maior não impede sua substituição, talvez não imediata, mas inegável a médio prazo. É preciso entender os riscos assumidos ao se tomar uma decisão de dimensões como esta que o governo norte-americano acaba de adotar. A morte de Osama, seria algo impossível de não acontecer, caso fosse capturado com vida. Porém, assim como Saddan, o tempo que seria gasto com seu julgamento serviria para abrandar ânimos, que neste primeiro momento ameaçam a segurança de pessoas ao redor do mundo. Onde há um país muçulmano, existe a possibilidade de uma retaliação contra os EUA. Seja de qual forma for, desde um atentado a uma embaixada a um assassinato em uma travessia qualquer. Nenhum americano está totalmente seguro em território islâmico. E caso qualquer atitude vista como retaliação seja adotada, seria normal ( em se tratando dos EUA ) que uma resposta a altura seja colocada em ação.
Hoje foi um dia histórico, nós que o presenciamos, somos testemunhas oculares de um momento que pode significar, talvez, muito mais que o fim de uma longa caçada por justiça.
Mas sim o inicio de outras...

                Vídeo do discurso de Barack Obama sobre a morte de Osama bin Laden (HD)